A Fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty compreende dois níveis principais de análise: a descrição dos fundamentos gerais, segundo os quais toda percepção humana ocorre; e a descrição dos aspectos vividos e situados da percepção, conforme experienciados pelos indivíduos. Essas abordagens “estrutural” e “situacional” da percepção assumem, respectivamente, a existência de um corpo pré-pessoal, que todos os seres humanos possuem em princípio, e de um corpo histórico, que é o produto da “sincronização” de um indivíduo com o mundo. Uma descrição abrangente e fiel da experiência perceptual humana deve conter, simultaneamente, os elementos gerais, estruturais, individuais e situacionais envolvidos na percepção. Também é necessário demonstrar como esses elementos impactam uns aos outros, levando a distintas percepções. Proponho, aqui, uma descrição de percepção situada que atende a esses requisitos, enquanto confirma, empiricamente, as ideias e descrições de Merleau-Ponty por meio de casos de aprendizagem e habilidades perceptuais [perceptual skills] em uma grande planta industrial próxima à floresta Amazônica no Brasil.